
1) Mathew Brown, O homem que viu o infinito (The Man who knew infinity)- 2016
O filme baseia-se na vida real do matemático indiano Srinivasa Ramanujan (1887-1920), um génio auto-didacta, cujas fórmulas de há 100 anos são ainda hoje importantes para o entendimento do fenómeno dos buracos negros. A história concentra-se sobretudo nos anos da sua estadia em Cambridge e na dificuldade da sua plena aceitação pela comunidade académica, receosa da informalidade e originalidade dos seus métodos, e pouco aberta à presença de um indiano pobre e hindu no seu seio. A relação de amizade de Ramanujan com o académico ateu G. H. Hardy, apoiado pelo seu colega e amigo John Littlewood, vai ser decisiva tanto para a aceitação de Ramanujan na academia, quanto para a mudança do próprio Hardy, tocado pela genialidade, honestidade e profundidade humana do matemático indiano. Este, de facto, coloca-se diante do seu talento com a consciência de tratar-se de um puro dom, o qual estabelece na sua vida um desígnio de dádiva, a responsabilidade de devolver ao mundo aquilo que lhe foi dado gratuitamente. Quando Hardy confronta Ramanujan com a origem das suas descobertas, este é claro: vêm de Deus, é Deus que o inspira na oração. E estabelece uma relação directa entre a harmonia da matemática (que é como “uma pintura com cores que não se vêem”) e a harmonia do universo (“há padrões em tudo”, a matemática revela-os), por isso “uma equação só tem significado se exprime um pensamento de Deus”. A ciência é, para Ramanujan, como a arte: reflexo da verdade e da beleza do mundo criado por Deus, não é “conquista” humana, mas sim dom divino para o bem dos homens. Nós, homens, “somos exploradores do infinito, em busca da perfeição absoluta”. Assim, o ateu Hardy, homem incapaz de verdadeiras relações humanas porque fechado no seu próprio, auto-suficiente e limitado mundo, abre-se à realidade através da amizade com alguém que sabe depender de Deus, que se reconhece Seu filho e fiel servidor. Após a precoce morte de Ramanujan, Hardy, profundamente abalado pela perda daquele que o fez ver a verdadeira e unitária dimensão da vida e do conhecimento, reconhece diante dos sábios de Cambridge: “quem somos nós para pôr em causa Ramanujan e para pôr em causa Deus?”. Este filme sobre a beleza da dimensão gratuita dos dons e talentos humanos é também um filme sobre a natureza missionária da amizade, quando radicada na verdade. Tal amizade torna-se, assim, anunciadora da grandiosa dependência do homem de Deus, do Seu amor aos homens e do reflexo da Verdade na Sua criação, que a ciência séria se limita a encontrar, reconhecer e demonstrar.